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A T É  O N D E  V A I  A  S U A  V A L O R I Z A Ç Ã O ?

Centro Histórico de Fortaleza

Prédios comerciais, casarões, igrejas, patrimônios e praças passam despercebidos por tanta riqueza que o Centro de Fortaleza traz. Pela manhã, de segunda à sábado, o local encontra centenas de fortalezenses que estão indo trabalhar ou comprar algo no local. À noite, depara-se com ruas sujas, mendigos ocupando praças e pontos históricos no meio da escuridão. Entretanto, sem correria, em um domingo de manhã, e com um olhar mais cauteloso, você pode voltar alguns anos e sentir verdadeiramente o Centro.

 

A vista para o Forte de Nossa Senhora de Assunção, o Mercado Central, a Praça do Ferreira, o Museu do Ceará, o Theatro José de Alencar, a Igreja Nossa Senhora do Carmo, e entre outros lugares, trazem história, cultura e prazer de viver e ter orgulho da cidade de Fortaleza. Porém, um dos berços da capital é rodeado pelo comércio, e a valorização cultural e histórica acaba sendo esquecida. Tanto pelos anfitriões como pela Prefeitura.

 

O capitalismo e o descaso se tornam destaque à frente de tanta história, que deve ser valorizada e ensinada para a próxima geração. Para mostrar que o Centro tem muita beleza, cor e alegria através dos patrimônios deixados pelos seus antepassados.

 

Você já visitou algum desses locais citados? Conhece profundamente a história desses lugares? Tem vontade de conhecer? Então, explore com a gente e veja como vale a pena ter mais conhecimento pelo marco zero da capital alencarina.

Rua Guilherme Rocha do Centro de Fortaleza (Foto: Marcos Moura)

Rua Guilherme Rocha do Centro de Fortaleza (Foto: Marcos Moura)

Ínicio

História da muléstia

Foto_ Terto de Amorim

Após a fundação do Fortim de São Tiago, localizado na Barra do Ceará, onde recebeu as caravelas dos portugueses e o colonizador, radicalizado paraibano, Pero Coelho, o Centro de Fortaleza surgiu.

   

Às margens do Riacho Pajeú, o antigo forte de Schoonenborch, fundado por Matias Beck, construído pelos holandeses, que ocuparam o local entre 1649 e 1654, foram desenvolvidas as primeiras moradias no bairro central da capital. Os domínios dessas terras permaneceram até 1812, quando a Coroa Portuguesa retomou a Província do Ceará e rebatizou o lugar de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.

Leila Nobre, pesquisadora memorialista e idealizadora do site Fortaleza Nobre desde 2009, explica o motivo do nome religioso ao local: "Essa veneração à santa pelos portugueses é antiga. Dias antes da festa de Assunção de 1385, os castelhanos, com a intenção de tomarem o poder, realizaram uma invasão a Portugal para impedir que o Mestre de Avis, que viria a ser D. João I, fosse o sucessor do rei Dom Fernando, que teve uma morte prematura e não deixou um herdeiro para o trono. O reino invasor, desejando conquistar Portugal, já tinha atravessado a fronteira quando Dom João I implorou a proteção da santa e prometeu construir um imponente templo em homenagem a Nossa Senhora da Assunção, caso os portugueses obtivessem sucesso na batalha. Como Portugal foi salvo,  Dom João I, demonstrando gratidão, mandou que todas as catedrais de Portugal fossem consagradas a Nossa Senhora da Assunção, ordenando também que fosse construído o convento da Batalha".

Nossa Senhora de Assunção (Foto: Wikimedia Commons)

Nossa Senhora de Assunção (Foto: Wikimedia Commons)

Após o período imperial, com a chegada da proclamação da República, em 1889, o forte foi desativado e ficou sob a responsabilidade do Governo do Estado do Ceará, que hoje ajuda a conservar o prédio, onde funciona a 10ª Região Militar, com a arquitetura preservada ainda do período colonial.

O comércio se desenvolveu como atividade principal no marco zero da cidade ao longo dos séculos XIX e XX, quando Fortaleza passou a exigir um maior desenvolvimento econômico nos bairros residenciais, que passou a concentrar atividades diversificadas dando expansão e utilização na região central da capital. De acordo com Leila Nobre, o comércio chegou tímido à cidade, mas depois cresceu com lojas e, principalmente, com a influência francesa: 

"Nosso comércio era basicamente de sapateiros, ateliês de costura, alfaiataria, tipografias, boticas, lojas de ferragens, lojinhas de miudezas, mercado da carne, armazéns. Entre os séculos XIX e XX, Fortaleza foi então tomada pela influência francesa e nosso comércio cresce consideravelmente. Houve a incorporação de termos franceses, tanto ao vocabulário cearense, desde cumprimentos mais informais, até aos aspectos da nascente vida urbana fortalezense. Como exemplo, tivemos a Maison Art-Noveau, entre 1909 e 1925, que era uma loja de louças, papelaria, bazar. Em 1925, mudou para Maison Riche, junto ao Café Riche. Do outro lado da Praça do Ferreira, havia também a Rotisserie Sportman, que já mesclava um termo francês com inglês. Também entre 1920 e 1940, existia em Fortaleza a loja Torre Eiffel, que ficava na rua Major Facundo, mais ou menos olhando para o Savanah. Era uma loja de partituras musicais, instrumentos musicais e jogos de bilhar. Depois viria também o Cine Majestic, a Sorveteria Odeon e os “Chateaus”, como eram conhecidos os cabarés. Até pelo menos os anos 50, a moda das vitrines das “butiques” continuou sendo influenciada pela moda produzida em Paris".

 

Para expandir o comércio, a cidade precisava de um porto para suprir as demandas comerciais, mas não foi possível. Com isso, muitas casas deixaram de ser residências e  passaram a servir como depósitos. A partir de 1940, o porto foi transferido da Praia Formosa (Ponte dos Ingleses) para o Mucuripe, diante disso, a área se esvaziou e os imóveis, que antes eram utilizados como depósitos, voltaram a ser residências e pequenos comércios. Nessa época, houve um processo de ocupação e urbanização desorganizada. Porém, muitas casas ainda foram transformadas em lojas e shoppings, que até hoje são preservadas no Centro de Fortaleza.

Nossa Senhora de Assunção (Foto: Wikimedia Commons)

Rua Floriano Peixoto com Rua São Paulo,

Rua Floriano Peixoto com Rua São Paulo,  no ano de 1935 (Foto: Reprodução Fortaleza Antiga)

VALORIZAÇÃO

A memoralista e pesquisadora acredita que falta apoio das escolas levarem os alunos a conhecerem de perto o Centro Histórico, e que antes de tudo, é uma questão de cidadania conhecer a história de um dos principais bairros e legados de Fortaleza. Também ela se preocupa com a situação de alguns patrimônios, que estão em descaso e precisam de uma reparação urgente: "Se pararmos para pensar na quantidade de patrimônio histórico que já perdemos, veremos a urgência dessa valorização do que ainda resta. Eu acho nossa relação com a cidade ainda é muito contida. Dificilmente vemos as escolas levando seus alunos para visitar os nossos museus, a Casa de Juvenal Galeno, a Casa do Barão de Camocim, o Passeio Público, o próprio forte ( hoje 10ª RM) ou mesmo estudando nossa história em salas de aula. Se houvesse uma maior interação dos alunos com os nossos equipamentos, teríamos um futuro de pessoas preocupadas com o bem público e fazendo sua parte. Nosso Centro é riquíssimo, mas não é valorizado!", finalizou.

História

Visite

LINHA DO TEMPO

1649

1809

1846

1891

1910

1932

1933

1939

1978

1649 - Fortaleza Nossa Senhora da Assunção

Fortaleza Nossa Senhora da Assunção

Construído em 1649, atualmente funcionando como sede do Comando da 10ª Região Militar, é um dos pontos turísticos mais conhecidos da capital cearense, tendo como destaques a própria história da Fortaleza, o Museu e Phanteon do General Sampaio (Patrono da Arma de Infantaria), a prisão onde esteve Bárbara de Alencar e ainda a estátua de Martim Soares Moreno.

 

Como visitar?

O forte pode ser visitado mediante agendamento prévio junto à Comunicação Social da Região Militar. A visita é feita na companhia de um militar que aborda tópicos de interesse sobre o monumento.

1809 - Mercado Central

É um mercado especializado em produtos artesanais cearenses. Está localizado no Centro da cidade ao lado da Catedral de Fortaleza e da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, e foi construído ao lado da margem esquerda do Riacho Pajeú, que corta a região, em 1809.

 

Como visitar?

Funciona de segunda à sexta-feira, das 8h até as 18h; aos sábados das 8h até as 17h e aos domingos das 8h até as 13h. Não há cobrança de taxa de entrada ou qualquer outro tipo de valor para visitar o mercado. Contudo, há horários de atendimento e funcionamento dos boxes. 

Corredor do Mercado Central (Foto: Site

1846 - Sobrado Dr. José Lourenço

Sobrado Dr. José Lourenço (Foto: Vós)

Construído na segunda metade do século XIX, o sobrado da Rua da Palma – atual Major Facundo – é testemunha de épocas distintas da história do Ceará. Primeira edificação de três andares construída no Estado, o Sobrado Dr. José Lourenço já teve múltiplos usos. Foi moradia, consultório médico, oficina de marcenaria, repartição pública, bordel. Tombado pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), foi restaurado em 2006. Inaugurado em 2007, abre as portas ao público com nova destinação: ser um espaço de convivência das artes visuais do Ceará.

Como visitar?

Terça à sexta-feira das 09h às 19h / Sábado das 10h às 19h / Domingo das 10h às 14h. 
Entrada Gratuita.

1891 - Passeio Público

Passeio Público (Foto: Nely Rosa)

A Praça dos Mártires foi planejada em 1891, também conhecida como Passeio Público, é a mais antiga praça da cidade de Fortaleza. Além da bela vista para o mar, a praça possui como atrativos naturais diversas árvores centenárias, como o famoso baobá plantado por Senador Pompeu em 1910. Seu nome atual foi definido em 11 de janeiro de 1879 pela Câmara Municipal de Fortaleza.

Como visitar? 

O local é aberto em todos os horários e dias.

1910 - Theatro José de Alencar

Theatro José de Alencar (Foto: OPovo).jp

A construção do teatro foi em 1910, na cidade ainda não tinha um espaço reservado para apresentações artísticas. O nome foi dado em homenagem ao escritor José de Alencar, autor de romances como O Sertanejo, Iracema, O Gaúcho, O Guarani, O Tronco do Ipê e muitos outros. Dentro do teatro, além das peças e shows que acontecem frequentemente, é possível acompanhar outras atividades como: aulas de figurino, iluminação, dança e muito mais relacionado ao teatro e à dança.

Como visitar?

Terça a sexta: 9h, 10, 11h - 14h, 15h, 16h, 17h

Sábados: 14h, 15h, 16h, 17h

Domingos: 14h, 15h e 16h

Ingressos: R$ 6 (inteira); R$ 3 (meia)

1932 - Museu do Ceará

Museu-do-Ceará.jpg

O Museu do Ceará foi a primeira instituição museológica oficial do Estado, criada por decreto em 1932, mas aberto oficialmente ao público em janeiro de 1933, com a denominação de Museu Histórico do Ceará. Abriga um acervo de mais de 13 mil peças distribuídas em três importantes coleções que contam a história do Ceará: Paleontologia, Arqueologia/Antropologia Indígena e Mobiliário. Também é onde abriga o famoso bode ioiô, que foi embalsado e doado ao museu.  

Como visitar?

De terça-feira a sábado, das 9h às 17h.

Acesso gratuito.

Praça do Ferreira (Foto: Mapa Cultural d

1933 - Praça do Ferreira

A Praça do Ferreira foi inaugurada em 1933, já teve cinco nomes, mas o que ficou até hoje é uma homenagem ao ex-vereador de Fortaleza, Boticário Ferreira. Também é conhecida com o “coração da cidade”.

Como visitar?

O local é aberto em todos os

horários e todos os dias.

1939 - Cineteatro São Luíz

Cineteatro São Luiz (Foto: Gentil Barrei

O Cineteatro São Luiz, popularmente conhecido como Cine São Luiz ou Cinema São Luiz. Tem capacidade para 1.050 pessoas. Teve sua construção iniciada em 1939 pelo Grupo Severiano Ribeiro.
 

Em 1995 o Cine São Luiz passou a sediar o Cine Ceará, principal festival de cinema do Estado e um dos mais longevos no calendário nacional de eventos do setor.

Como visitar?

Terça a Sábado – 10h às 18h30

Horários sujeitos à alterações, de acordo com a programação.

1978 - Igreja da Sé (Catedral Metropolitana de Fortaleza)

Catedral de Fortaleza

É um templo católico e monumento histórico, sede da Arquidiocese de Fortaleza. A obra demorou quarenta anos para ser concluída, tendo sido iniciada em 1938 e inaugurada em 1978. Tem capacidade para 5 000 pessoas e suas torres chegam a 75 metros de altura.

 

Ocupando a maior parte da Praça Pedro II, também conhecida como Praça da Sé, no centro histórico de Fortaleza, o templo se destaca pela imponência arquitetônica e a beleza dos vitrais.

 

Como visitar?

Missas todos os dias, exceto segundas-feiras.

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Bó?

Bó?

Se você ficou super afim de conhecer a história de alguns desse locais, que tal dar uma boa caminhada pelo berço da capital alencarina, de forma gratuita? O Programa Fortaleza a Pé traz essa iniciativa já há 23 anos com o objetivo de levar estudantes de escolas públicas e particulares, população local e turistas a conhecer a origem do povo fortalezense, através de caminhadas culturais pelo Centro Histórico de Fortaleza.

 

O turismólogo e idealizador do projeto, Gerson Gladson Linhares, 55 anos, leva os visitantes, junto com outros guias, para as avenidas mais antigas da cidade (Dom Manuel, Imperador e Duque de Caxias). O programa incentiva às pessoas a contemplar igrejas, prédios, palacetes, monumentos e logradouros que têm significância no desenvolvimento sociocultural dos fortalezenses, através de relatos do passado em comparação ao presente.

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Gerson com os alunos de uma escola (Foto: Arquivo Pessoal)

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Quando eu era professor universitário e levava os meus alunos para conhecer o Centro Histórico e ai surgiu a ideia de criar um programa de caminhadas culturais, que acabou surgindo esse programa.

Foi criado no dia 13 de abril de 1995, coincidência no dia do aniversário da cidade de Fortaleza. Então, a gente vem fazendo esse trabalho sempre com muito zelo e muito carinho, sempre pautado com muita pesquisa com banco de dados e banco de imagens, que nos dar sustentabilidade ao projeto - explicou Gerson sobre a ideia do programa.

O mais bacana de tudo é que o projeto é gratuito e tem um motivo especial do grande coração de Gerson: "A ideia de ser de graça é para ter uma população mais consciente, mais sensibilizada em relação ao patrimônio histórico". Porém, para grupos, como de turistas, empresas, faculdades e escolas particulares, o turismólogo cobra uma taxa de R$ 5. 

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Além da caminhada, há uma programação

especial para escolas, empresas e entidades, aprofundando-se na história do Centro mostrando em exposição fotográfica e  palestras, de uma forma mais interativa e didática tanto para crianças e adultos.

 

Confira a programação completa:

  • Campanha de Sensibilização para a Preservação do Patrimônio Histórico de Fortaleza;                                                                                          

  • Palestras sobre Educação Patrimonial – Fortaleza Bela História;

  • Exposição Fotográfica - Patrimônio Histórico;

  • Apresentação de um vídeo cultural sobre a história e a evolução da cidade;

  • Presença Mascote Bode Ioiô;

  • Caminhada Cultural pelo Centro Histórico – Fortaleza a Pé.

 

  • Para os turistas e a população em geral, o programa só oferece a caminhada pelo Centro Histórico.

Telefone: (85) 3237.2687

Whatsapp: (85) 9.8835-9915

E-mail: fortalezaape@yahoo.com.br

Site: www.fortalezaape.com.br

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O BODE CIDADÃO

bode ioiô

Ioiô

De um simples animal para se tornar um herói cearense. Desde do início do século passado, a história do bode Ioiô prevalece até às futuras gerações do Ceará, até mesmo do Brasil. Se você já passou pelos becos do Centro de Fortaleza, nunca imaginou que ali era o lugar favorito que o bode andava? Sem contar os bares, os teatros, os cafés, os saraus e as ruas, onde o animal conquistou os corações dos alencarinos na época.

De acordo com os historiadores, o bode teria vindo junto a retirantes fugidos da seca de 1915, tema do livro de Rachel de Queiroz. Pelos cantos do berço da capital, era companheiro de artistas e intelectuais em noturnos cafés. Era boêmio, não negava aquela velha “pinga” feita por cana-de-açúcar, e amava tudo o que era de arte. Dar para perceber que era tratado e visto como um cidadão como qualquer outro.

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O bode Ioiô era mais do que um animal, era um cidadão muito querido por todos (Foto: autor desconhecido)

INDOMINÁVEL

Quase que os cearenses ficavam sem ver mais o xodó do Centro. O proprietário do animal decidiu vendê-lo para ganhar dinheiro e o bode ser mais cuidado. A empresa britânica nordestina, Rossbach Brazil Company, comprou o Ioiô, que se tornou mascote da instituição e ficou alocado longe das ruas de Fortaleza.

 

A partir daqui, você entende o porquê ele ganhou esse nome. O bode era tão danado que conseguiu voltar a “perambular” a Praça do Ferreira. O animal aprendeu o trajeto de onde estava até às ruas, passando a realizar o mesmo caminho todos os dias. Nessas aventuras pelas noites da capital, ficou amigo de escritores, pensadores, músicos e inúmeros artistas de bar.

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Foto: Fortaleza Nobre

MOLECAGEM
O BODE POLÍTICO

Já que não bastava ser só um animal querido por todos, os intelectuais candidataram Ioiô para vereador de Fortaleza, no mesmo ano. Em 1922, quando contabilizaram as urnas, o bode foi eleito. Na época, os eleitores votavam no papel escrevendo o nome dos candidatos. Mas como o bode não podia exercer o poder, isso ficou marcado nos grandes capítulos da política da capital cearense.

Em 1921, o Ioiô aprontou uma molecagem, como diz o cearense. O bode comeu a fita inaugural do Cine Moderno, um dos cinemas mais movimentados de Fortaleza, que esperava na inauguração uma grande população ansiosa aguardando a chegada do governador Justiniano de Serpa e do intendente Godofredo Maciel.

ENXERIDO

Além de político, amante de cachaça e da arte, aventureiro e muito danado, Ioiô era um exímio entendendor de mulheres. O animal levantava a saia e os vestidos das moças com os chifres. Eita bode para dar trabalho!

O FALECIMENTO E AS LENDAS

Depois de muitas aventuras, Ioiô faleceu. Em 1931, foi encontrado morto nas proximidades da Praça do Ferreira. Como foi tão querido pela população na época, tornando-se um personagem inesquecível da história cearense. Diante disso, Adolfo Caminha (escritor aracatiense e um dos principais representantes do naturalismo no Brasil,) resolveu empalhá-lo e doar para o Museu do Ceará como forma de homenageá-lo. Até hoje, muitas lendas são contadas sobre a causa da morte do bode: 1) por beber muita cachaça, dizem que foi por cirrose hepática; 2) por ter sido enxerido, um noivo furioso quis vingança; 3) por ter sido vereador, foi morto por atentado político.  

ZELO

Hoje, a imagem de Ioiô está na sala vermelha do Museu do Ceará, sem o rabo natural, pois em 1990 um homem arrancou essa parte do corpo do animal. Diante disso, o local teve que reconstruir de forma sintética para completar a figura do bode. Todas as segundas-feiras, a imagem recebe limpeza e reparos para assim continuar a conquistar muitos cearenses com as suas “danadisses”.

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A imagem do bode Ioiô está no Museu do Ceará aberta para visitas (Foto: autor desconhecido)

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